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Vikings na América


Conheça a saga de uma família de navegadores nórdicos: Eric, o Ruivo, que descobriu a Groenlândia e seu filho Leif Ericsson, que chegou à América quase cinco séculos antes de Colombo

Em 982, Eric Thorvaldsson, ou Eric, o Ruivo, que tinha imigrado para a Islândia 17 anos antes ao ser banido da Noruega por assassinato, enfrentou de novo o julgamento do conselho local, o Althing. Acusado de matar seu vizinho, numa briga sobre a propriedade de uma vaca, Eric foi expulso da ilha por três anos. Decidiu, então, explorar as águas a oeste em busca das terras avistadas por marinheiros que tinham perdido o curso.

Usando técnicas de navegação bastante rústicas, como seguir focas e baleias em suas rotas migratórias quando o céu estava encoberto, Eric acabou chegando à Groenlândia, a qual explorou durante os três anos do exílio. Depois, voltou para a Islândia com notícias da fértil “Terra Verde” que tinha descoberto.

Alguns islandeses viram a novidade com bons olhos, pois o clima extremamente frio da Islândia impossibilitava o cultivo economicamente viável da cevada, seu principal cereal. Decidiram, então, acompanhar Eric. Dos 25 barcos que tentaram a perigosa travessia, em 985, apenas 14 chegaram.

A “Saga de Eric, o Vermelho” conta que uma das primeiras providências que ele tomou ao estabelecer-se na Groenlândia foi construir uma pequena capela de madeira para sua mulher, Thjodhild, que tinha se convertido ao cristianismo.

Como na Escandinávia, os colonos groenlandeses viviam em grandes casas que abrigavam cerca de 15 a 20 pessoas, com seus porcos, vacas, ovelhas e cavalos. Diferentes oficinas funcionavam nos vários cômodos, como a forja, a tecelagem, a cozinha e os estábulos. Os animais domésticos forneciam leite e lã, mas a carne era obtida principalmente das focas e das renas que caçavam. Por ter sido seu descobridor, Eric recebia uma comissão sobre todo o comércio de peles e de marfim de morsa feito na Groenlândia.

A proximidade da ilha com a América logo levou os nórdicos a novas descobertas. A “Saga Groenlandesa” menciona um mercador, Bjarni Herjolfsson, que perdeu seu curso numa viagem da Islândia à Groenlândia e afirmou ter avistado terra a oeste das colônias vikings. Herjolfsson não desembarcou para explorar o que tinha visto, pois seu barco estava carregado de mercadorias e ele não queria arriscar perdê-las, mas relatou a descoberta aos colonos groenlandeses.

Leif Ericsson

Por volta do ano 1000, o filho mais velho de Eric, Leif Ericsson, ou Leif, o Sortudo, decidiu averiguar a história do mercador e chegou à América, pois tinha sido esse o litoral avistado por Herjolfsson. Leif passou o inverno em um lugar que chamou de Vinland, ou “Terra das Videiras”, onde encontrou videiras silvestres, riachos repletos de salmão e pasto. Voltou para a Groenlândia no ano seguinte e não visitou mais as terras que tinha descoberto, pois Eric, o Ruivo, morrera durante sua ausência e ele herdara os direitos sobre o comércio da colônia. Além disso, o Sortudo também receberia comissão sobre todo o lucro que viesse a ser gerado em Vinland.

Leif Ericsson Descobre a América, por Christian Krohg (1893)

Foi o irmão de Leif, Thorvald, quem liderou a expedição para explorar Vinland. Lá, ele e seus homens fizeram contato com os nativos, a quem apelidaram de “skraelings”, um termo pejorativo, algo como “covarde miserável”. A luta que se seguiu ao encontro foi um prólogo daquilo que viria a ser a futura relação entre europeus e os primeiros habitantes da América. Thorvald matou oito índios antes de ser morto por uma flecha. Impedidos de se estabelecer em Vinland pelos belicosos skraelings, os vikings voltaram para a Groenlândia.

Mas a ideia de expandir suas fronteiras não abandonou os groenlandeses e dois anos depois da expedição de Thorvald, o mercador Thorfinn Karlsefni, outro menbro do clã de Eric, o Ruivo, fez a tentativa mais duradoura de estabelecer uma colônia viking em Vinland. Três grandes navios e cerca de 500 colonos acompanharam Karlsefni na travessia de duas semanas. Estabeleceram-se num lugar que chamaram de Hop, onde Gudrid, a mulher de Karlsefni, deu à luz um menino, Snorri - provavelmente o primeiro americano de origem europeia.

Tanto a “Graenlending Saga” quanto a “Saga de Eric, o Ruivo” contêm descrições que, embora contraditórias, situam Vinland no atual Golfo de São Lourenço (Canadá) e Hops na baía de Nova Iorque. No entanto, a única prova concreta da presença viking na América só foi encontrada em 1960, pelo explorador norueguês Helge Ingstat e sua mulher, a arqueóloga Anne Stine, em L’Ance aux Meadows, na Terra Nova, Canadá. São casas de telhado de colmo, forjas, ferramentas e objetos de ferro que comprovam a verdade das sagas.

As colônias vikings na América não duraram mais do que algumas décadas. Havia poucos colonos (no máximo 500) e os nativos eram muito beligerantes. Na Groenlândia, os vikings permaneceram por mais de três séculos. Os recursos naturais, como madeira para combustível, escassearam e, em 1350, a temperatura do planeta entrou em uma queda que duraria 500 anos, conhecida como Pequena Era Glacial. As técnicas de caça e de agricultura dos nórdicos eram inadequadas para o frio e os vikings nunca assimilaram os conhecimentos dos nativos esquimós. Por isso, também tiveram de abandonar a ilha.

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