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A Primeira Batalha Aérea, Ases e o Barão Vermelho


Conheça Miodrag Tomic, protagonista de um prosaico combate aéreo com tiros de revólver que levou os céus a serem dominados por um novo tipo de guerreiro: o ás, como o Barão Vermelho, o maior desses heróis alados

A Batalha de Cer, por vezes chamada de Batalha do Rio Jadar, foi travada logo no início da Primeira Guerra Mundial, em agosto de 1914, quando a Áustria-Hungria invadiu a Sérvia. O palco do conflito foram as vilas e aldeias próximas ao Monte Cer, a 100 quilômetros de Belgrado.

A batalha começou na noite de 15 de agosto, quando membros da 1ª Divisão Combinada sérvia atacou postos avançados austro-húngaros, que haviam sido estabelecidos nos pés do Monte Cer, em preparação à invasão. O ataque acabou se tornando uma batalha pelas aldeias ao redor da montanha, especialmente pela cidade de Sabac. E nos céus do Monte Cer foi travada a primeira batalha aérea da guerra – e também a primeira da história. O encontro foi um tanto prosaico. Um aviador sérvio, um certo Miodrag Tomic, fazia reconhecimento aéreo sobre as posições inimigas, quando cruzou um avião austro-húngaro. O piloto acenou e Tomic respondeu a saudação. Contudo, o piloto austro-húngaro sacou seu revólver e começo a dispara contra o sérvio. Tomic conseguiu escapar. O episódio, porém, levou a uma inovação: em poucas semanas todos os aviões, tanto dos aliados como dos Poderes Centrais, foram equipados com metralhadoras, inicialmente acima das asas.

Miodrag Tomic

No início da guerra, os aviões já estavam sendo utilizados para fazer reconhecimento e localização das posições inimigas, mas, a partir de 1915, aviões modificados para combate aéreo foram introduzidos na Frente Ocidental. Em 1 de abril daquele ano, o piloto francês Roland Garros se tornou o primeiro homem a derrubar um avião inimigo, usando uma metralhadora que atirava através das hélices. Para fazer isso, as hélices foram reforçadas de forma a desviar as balas que a atingiam. Embora grosseiro, o método possibilitou a Garros a vitória nessa batalha aérea inaugural.

Poucos meses depois, Garros foi forçado a aterrissar atrás das linhas inimigas. O avião capturado foi enviado ao engenheiro holandês Anthony Fokker, que fez uma importante modificação, um sincronizador que permitia a metralhadora disparar nos intervalos do giro da hélice, isto é, atiravam apenas quando a hélice estava fora da linha de fogo.

Os combates aéreos inauguraram um novo personagem militar, o Ás, um piloto que se destacava não só pela sua habilidade e coragem, mas também – e principalmente – pelo número de aviões que abateu. A Primeira Guerra assistiu uma verdadeira competição entre ases, cada qual marcando cuidadosamente o número de inimigos derrubados, como um jogador de futebol conta o número de gols. O ás mais famoso foi o Barão Vermelho, um piloto alemão assim apelidado pelos aliados por pertencer à nobreza e voar num biplano vermelho.

O Barão Vermelho

Manfred Albrecht Freiherr von Richthofen (1892 – 1918) foi o maior ás da Primeira Guerra Mundial e um dos símbolos sempre relacionados ao conflito. O Barão Vermelho, como era chamado, abateu 80 aviões em sua carreira, mais que qualquer outro piloto seu contemporâneo.

Von Richthofen era membro de uma família da nobreza alemã, composta de militares. Era um Freiherr, ou Senhor Livre, um título quase sempre traduzido como barão. Por conta disso e por seu avião ser pintado de vermelho, ficou conhecido como Barão Vermelho. Mas os aliados tinham outros apelidos para ele. Os franceses o chamavam de Le Diable Rouge (Diabo Vermelho), e os britânicos de Red Knight (Cavaleiro Vermelho). Na Alemanha, seu apelido era Der Rote Kampfflieger (Piloto de Combate Vermelho).

Seguindo a tradição da família, Von Richthofen entrou para escola militar muito cedo, aos 11 anos. Em 1911, depois de completar o treinamento como cadete, ingressou na cavalaria. No começo da Primeira Guerra, von Richthofen serviu tanto na Frente Ocidental como na Oriental, fazendo reconhecimentos e participando de combates na Rússia, França e Bélgica. No entanto, as metralhadoras e arames farpados tornaram a cavalaria obsoleta. Assim, von Richthofen pediu transferência para o Serviço Aéreo do Exército Imperial Alemão, em outubro de 1915.

O Barão Vermelho

Durante o treinamento, o desempenho do Barão Vermelho foi abaixo da média. Tinha dificuldade para controlar o avião e chegou até mesmo a colidir durante seu voo inaugural. Contudo, um ano depois já era um dos pilotos mais conhecidos dos esquadrões aéreos germânicos. Apesar de não ser hábil em acrobacias, como seu irmão Lothar Von Richtofen, outro ás alemão que abateu 40 aviões na Primeira Guerra, o Barão Vermelho era um tático excepcional e talentoso líder de esquadrilha. Além disso, tinha ótima pontaria.

Em 1917, com a fundação da Força Aérea da Alemanha, o Barão Vermelho foi promovido a comandante de um dos esquadrões, o Jasta 11 e, pouco depois, a uma unidade maior, a Jadgeschwader 1, mais conhecida como Circo Voador. Em 1918, aos 26 anos, era um herói nacional em seu país e famoso entre os inimigos.

O Barão Vermelho não viu, porém, o final da guerra. Foi abatido perto da cidade francesa de Amiens, em 21 de abril de 1918, pouco depois das 11h00. Em seu último combate, o Barão estava perseguindo um biplano Sopwith Camel pilotado pelo tenente canadense Wilfrid “Wop” May da Esquadrilha 209 da Real Força Aérea, quando foi atingido no peito por uma bala calibre 0.303 mm. Von Richthofen conseguiu pousar atrás das linhas inimigas, num setor controlado pela Força Imperial Australiana. Quando os primeiros soldados chegaram ao avião, ele ainda estava vivo, mas morreu em seguida.

Os aliados providenciaram um funeral com honras militares ao piloto inimigo. Von Richthofen foi enterrado no cemitério de Bertangles, perto de Amiens. Seu caixão foi levado por seis capitães aliados, a mesma patente do Barão Vermelho, e uma guarda de honra deu várias salvas de tiros em homenagem ao morto. Os esquadrões aliados estacionados próximos àquela posição enviaram diversas guirlandas de flores. Numa delas, lia-se: “ao nosso galante e valoroso inimigo”.

O Funeral do Barão Vermelho (clique para assistir)

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